Um Dois e Muitos

Exhibition

exhibitions_0015_0001

Passeio #3 (pormenor)

Esta exposição é um olhar retrospectivo sobre minha obra a partir de um conceito que tenho trabalhado ao longo do tempo: Um, dois e muitos. Foi um desafio olhá-la nesta prespectiva e escolher as obras que dariam visibilidade a esta ideia e que viriam a constituir assim esta exposição. A este olhar juntou-se a experiência de uma visita e estadia no museu que agora recebe a exposição.

Nessa altura vi a galeria branca e vazia com a sua grande vitrine para a rua onde vemos as pessoas que passam lá fora (os muitos), um bom contentor para a obra sonora Le chant du monde, 2011. Para além disso, a galeria dava a possibilidade de circular entre uma e a outra saída de som (existem duas colunas colocadas uma em cada canto das duas salas comunicantes) o que permitia mostrar esta obra. Le Chant du monde é uma obra onde uma mistura de som cose dois mundos e trá-los para o espaço, o dois – uma estória de amor – e o muitos – a luta colectiva por um mundo mais livre e melhor. Uma promenade entre o quarto e a rua. Trata-se do cruzamento da banda sonora de Francis Lai do filme Un homme et une femme (1966) e do disco Chants révolutionnaires du monde par le groupe «17» (19…, editora Chant du monde, de onde veio o título desta obra). Le Chant du monde convida a viver a experiência da construção da imagem. Esta imagem não está na sala mas forma-se na escuta; tem a duração da nossa disponibilidade e não é parada. Forma-se na memória e na imaginação de cada um. Mesmo que tenhamos diferentes raízes esta obra permite o acesso a este movimento entre a intimidade e a rua, entre o espaço privado e o público. Ela permite que procuremos em nós, dentro de nós, as nossas vivências do um, dois e muitos. E que as vejamos. Que vejamos os nossos primeiros passos, os nossos vínculos. De onde nasce este eu, este outro, estes muitos.

Um dia perguntei-me porque era em francês que sabia a Internacional e lembrei-me que a fui aprendendo devagar ouvindo o disco Chants révolutionnaires du monde par le groupe «17». Hoje não oiço esta música com os ouvidos mas com o coração – porque ela foi antes de tudo uma experiência. Tinha doze anos e estes discos viviam na nossa casa através do meu pai. Destes momentos teriam vindo os meus primeiros vínculos a um colectivo.

Desde cedo e desde sempre, cruzei vivências , vendo o um, dois e o muitos como um todo, uma forma de estar na vida. Cresci entre, entre a observação das reuniões clandestinas em nossa casa, entre o escutar por um buraco da fechadura os ensaios do Zeca (Afonso), entre os passeios pelo campo sozinha, entre a luta contra a guerra colonial, entre o demorar tempo a observar os animais, entre o receber um álbum sobre o estudo das plantas…Desde muito cedo me interessou o vínculo entre todas as coisas, não só as tão diferentes coisas em si me fascinavam como aquilo que as ligava. Isso marcou a minha memória. E talvez tenha nascido aí o um, dois e muitos.

Le chant du monde, 2011
Obra sonora
(montagem e edição de som- João Lucas)

Encadeamento de canções retiradas dos discos Un Homme et une femme de Francis Lai – Maurice Vender e orquestra e de Chants révolutionnaires du monde par le groupe «17», alternando entre a experiência do espaço privado e o espaço público:

1. Un Homme et une femme por Nicole Croisille e Pierre Barouh
2. L´Internationale
3. Samba Saravah de Baden Powell – Vinicius de Moraes – Pierre Barouh
4. Les partisans
5. Aujoud’hui c’est toi de Francis Lai – Ivan Julien e orquestra
6. Le Drapeau rouge
7. A L’ombre de nous por Pierre Barouh
8. Solidarité
9. A 200 a L’heure
10. Bandiera rossa

As obras aqui expostas, o filme O Caminho de Nietzsche, dezasseis vozes (4), o mapa O Caminho de Nietzsche (Serra da Arrábida) (5) e Desenho, 2011 (6) fazem parte de um projecto intitulado A grande saúde. Este projecto foi iniciado em 2011, em colaboração com a filósofa Maria João Mayer Branco.

Foi desenhado um percurso na serra da Arrábida, inspirado na ideia de caminhar e de ligar esse caminhar ao pensamento, pontuado por dezasseis leituras de textos do filósofo Friedrich Nietzsche (1844—1900). No dia 5 de Agosto de 2012 este acção foi realizada. Um mapa foi editado com as instruções para realizar este caminho – e para poder ser recriado no futuro. No filme, onde não existem personagens, dezasseis vozes leem os textos do filósofo por um caminho em volta da serra.

Auto-retratos
(Lundi je suis rose, mardi bleu, mecredi orange, jeudi verte, vendredi rouge, samedi violet et dimanche dorée)

Da primeira visita ao museu guardei a memória de ter encontrado um Um. Esse Um era Maria Ondina Braga. Uma pessoa inteira. Aquele pequeno espaço conta a história de um eu, de um princípio, de um meio e de um fim, e de um fim sem fim. Inspirada por este ciclo coloquei aí um outro retrato, um auto-retrato.

+
GALERIA DA UNIVERSIDADE

Le chant du monde, 2011
Obra sonora
(montagem e edição de som- João Lucas)

Encadeamento de canções retiradas dos discos Un Homme et une femme de Francis Lai – Maurice Vender e orquestra e de Chants révolutionnaires du monde par le groupe «17», alternando entre a experiência do espaço privado e o espaço público:

1. Un Homme et une femme por Nicole Croisille e Pierre Barouh
2. L´Internationale
3. Samba Saravah de Baden Powell – Vinicius de Moraes – Pierre Barouh
4. Les partisans
5. Aujoud’hui c’est toi de Francis Lai – Ivan Julien e orquestra
6. Le Drapeau rouge
7. A L’ombre de nous por Pierre Barouh
8. Solidarité
9. A 200 a L’heure
10. Bandiera rossa

+
ESPAÇO POLIVALENTE

As obras aqui expostas, o filme O Caminho de Nietzsche, dezasseis vozes (4), o mapa O Caminho de Nietzsche (Serra da Arrábida) (5) e Desenho, 2011 (6) fazem parte de um projecto intitulado A grande saúde. Este projecto foi iniciado em 2011, em colaboração com a filósofa Maria João Mayer Branco.

Foi desenhado um percurso na serra da Arrábida, inspirado na ideia de caminhar e de ligar esse caminhar ao pensamento, pontuado por dezasseis leituras de textos do filósofo Friedrich Nietzsche (1844—1900). No dia 5 de Agosto de 2012 este acção foi realizada. Um mapa foi editado com as instruções para realizar este caminho – e para poder ser recriado no futuro. No filme, onde não existem personagens, dezasseis vozes leem os textos do filósofo por um caminho em volta da serra.

+
ESPAÇO MARIA ONDINA BRAGA

Auto-retratos
(Lundi je suis rose, mardi bleu, mecredi orange, jeudi verte, vendredi rouge, samedi violet et dimanche dorée)

Da primeira visita ao museu guardei a memória de ter encontrado um Um. Esse Um era Maria Ondina Braga. Uma pessoa inteira. Aquele pequeno espaço conta a história de um eu, de um princípio, de um meio e de um fim, e de um fim sem fim. Inspirada por este ciclo coloquei aí um outro retrato, um auto-retrato.